,Chamo-me Russo e já ouvi dizer que sou um gato. Sem ser no sentido literal, percebes? Não é para me gabar, mas é verdade!

Fui abandonado num sítio onde havia mais malta felina. Foram tempos difíceis. Os outros gatos estavam habituados à vida de rua, eu era de casa e tive de aprender a safar-me. Os rapazes não gostavam de mim. Lutavam comigo por tudo e por nada, comida, território, miúdas... Ah, as miúdas... Com elas a história era outra! Se não fossem elas, tudo teria sido ainda mais horrível. Passei bons momentos com elas, namorei com várias e todas admiravam a minha beleza singular.
Um dia conheci umas miúdas, estas humanas. Tinha deixado de gostar dessa espécie, depois de me terem posto fora de casa. Mas estas até eram bacanas. Levaram-me para um sítio abrigado, tinha buffet à discrição... Boa vida, estou-vos a dizer! Tão boa que até passei a gostar de humanos outra vez... A fazer ronrom e a pedir festas... Ish... Festas! Até me tinha esquecido o que isso era!
Ora, com esta boa vida, diz a malta do abrigo que fiquei ainda mais giro. Chamaram-me Russo por causa da minha bela pelagem, da cor da que têm aqueles gatos de raça, os azuis da Rússia. Eu não sou de raça, não tenho pretensões e dou-me bem com toda a gente.
Agora, depois de todas as minhas aventuras, só quero paz e sossego. E mimos. E comidinha da boa, claro! É preciso manter a minha bela pelagem em perfeitas condições! Sou um pouco vaidoso, e então? Tenho motivos, e não sou eu que digo! Se me quiseres levar para casa, prometo que não te vais arrepender. Então, vens visitar-me, ou quê? Fico à tua espera!